Despertando o interesse pela leitura em nossos filhos

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Como você faz para seu filho gostar de ler livros?

Quando não se “é leitor”, nossos filhos têm menos chances de “serem leitores”. Muito menos! Não há colégio ou professor existente que deem conta sozinhos, ou seja, o exemplo de casa por razões biológicas, comportamentais, emocionais (“pedagogês” falando) faz toda diferença!

E não é preciso que seja necessariamente leitura erudita. É preciso ler, ter o hábito. Assim como o hábito de lavar as mãos antes das refeições, que só é incorporado se realmente for mais que um imperativo da família.

Pois bem! Quem me conhece sabe que sou leitora voraz. Filha de mãe professora que despertou a leitura, mas muito antes, a contação de histórias; pai que apresentou clássicos universais como “Viagem ao centro da Terra”, “Vinte mil léguas submarinas”, “O príncipe e o mendigo”, “Pollyana”. Irmã do meio que não tinha primos da mesma idade e morria de ciúmes da irmã que tinha várias primas com a mesma cronologia para brincar e por isso as viagens no mundo da leitura me faziam mais compreendida. Adolescente romântica, que leu tanto “best sellers” (uma quedinha até hoje – “O Siciliano” é um dos eleitos!) como Gabriel Garcia Marquez (Cem anos de solidão – uau!!!). Estudante que foi influenciada por professores apaixonados por literatura. Profissional que se descobre incipiente e tem a exata noção da formação contínua para exercício qualitativo de sua docência.

Pronto! As filhas estavam com o exemplo vivido e apaixonado por leitura. Como dar errado??? Como não ter filhas leitoras???

Só que não! E aí vem a história.

“Fazíamos nossa parte. Mas ela dormia em cima dos livros. (…)”

Júlia, primeira filha, hoje com quase dezenove anos, teve como primeiro presente da vovó, uma coleção de contos de fada. Herdou dos primos Luísa e Vítor todos os VHS de contos de fada Disney e a cada aniversário, uma princesa era prestigiada. Menina doce, observadora. O início da leitura foi puro encanto. O “Boa-tarde” e o “Projeto Contos” do C.C.C., muito mais que um ideal de nós professores, mas a certeza de impregnar prazerosamente a literatura nos alunos. E minha Júlia estava lá! Lia todos os clássicos e mais: Ruth Rocha, Cecília Meireles, Marina Colasanti, Monteiro Lobato, Pedro Bandeira… Lembro de quando ela leu “Os sete sapatos da princesa”, conto de fada, o qual não me recordo autoria. A cada “relida” uma descoberta de um aspecto da história! Simplesmente apaixonada e apaixonante.

Tudo certo até então! Leitora iniciante na época, hoje leitora profícua e iniciando a vida acadêmica. Que assim permaneça…

E Lívia? Minha segunda, linda, queridíssima filha??? Hoje com quatorze anos, escrevendo muitíssimo bem, com uma veia dramática forte (até demais), leitora a cada dia que passa. Menina levada na primeira infância, moleca que adorava se esconder para pregar peças desesperadoras na família (vovó que o diga quando sumiu em Ubatuba aos três anos – na verdade, estava dentro de um armário e colocou um prédio inteiro a sua procura. Mas esta já é uma outra história…). Dona de uma energia incrível, não conseguia parar para ouvir histórias e, de princesa, seus aniversários precisavam de algum convencimento para o prestígio à elas, caso contrário, o tema escolhido era Shrek…Nada de contos de fada. No “Boa-tarde” no Colégio, sempre rico e variado, não custava para rolar com os amigos e precisar sempre de um alerta.

O que tinha de errado? Nada! Lili só não gostava de ser Lili. Nenhuma dificuldade para se alfabetizar, boa aluna, mas sem gostar de livros.

Bom, duas crianças, mesmo “jeitão” de educar, mas maravilhosamente diferentes. Contudo, a leitura precisava acontecer para que descobrisse sua magia e desenvolvesse suas habilidades e competências.

Fazíamos nossa parte. Mas ela dormia em cima dos livros. Nos filmes e cinema também.

Eis que um dia, em minha vida de professora que não pode deixar de trazer trabalho para casa, trouxe “O Menino Maluquinho”, do Ziraldo, para casa. Precisava montar um projeto para uma das salas da escola e o livro seria base. Lívia pegou o livro e não parava de ler, principalmente a parte das traquinagens do garotinho.

“(…) apresente-lhe leituras que chamem sua atenção.”

Estalo!!!! Por que não tinha pensado nisto antes??? Lili precisava se identificar com as histórias. Óbvio??? Não existem obviedades maternas… O caminho não era somente os contos de fada e histórias tradicionais. Ela precisava de muita Emília do Monteiro Lobato, muita Mônica e Cebolinha do Maurício de Sousa e claro, incentivo da família.

E hoje, Lili me surpreende e mantém seu estilo de leitura, lendo também os clássicos. Há pouco tempo leu um compêndio de histórias de mulheres que participaram da Segunda Guerra, ao mesmo tempo que “O lar das crianças peculiares” (história do filme que ficou famoso).

Então, toda essa história real que conto aqui, ilustra algumas dicas para formarmos leitores. A primeira e mais importante: conhecendo seu filho, apresente-lhe leituras que chamem sua atenção. Tudo vale: tirinhas, gibis, revistas, contos de fada, fábulas, clássicos, contemporâneo. Se precisar, peça dicas aos professores deles.

Leia, conte histórias. Demonstre interesse pelo que os filhos leem, tanto na escola quanto em casa. Participem das mostras de projetos na escola, não considerando apenas como “festinhas”. Valorize produções textuais de seus filhos (pasme: o velho diário faz sucesso com eles). Incentivem o faz de conta na vida dos filhos. Limite o uso das tecnologias e incentivem o uso de aplicativos legais e não só de jogos. Na medida do possível, amplie programas culturais como teatro, cinema. Converse sobre notícias, conte “causos”, histórias de sua infância. Escute-os. Deixe bilhetes nas fotos que enviar nos grupos de conversas, incentive-os a escreverem também (já que estamos no mundo digital e das selfies). Deixe bilhetes em cima da cama também. Faça listas de compras e peça que os ajude (nem que seja com o celular). Faça da leitura uma alavanca para o convívio, para o bem estar e para o sucesso.

E, sucesso na leitura! É o que desejo aos seus filhos. Tem dado certo aqui…

Márcia Maria de Castro Buzzato
Professora do C.C.C. apaixonada por literatura. Mãe de leitoras.

 

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