Como escolher a escola para nossos filhos?

Passadas as festas de fim de ano, o recesso merecido após um período de trabalho, muitas famílias se deparam com o questionamento: “e agora? Como escolher a melhor escola para meu filho?”.

Concordamos que “bom”, “melhor” são conceitos valorativos que dependem dos contextos em que vivemos. Mas, em se tratando de educação escolar, podemos elencar alguns critérios, os quais podem ser indicativos de boa qualidade. Afinal, a educação transforma, propulsiona e queremos sempre que nossos filhos tenham o melhor.

Assim, seja no berçário, na educação infantil, no ensino fundamental ou ensino médio, alguns fatores são comuns e vamos falar sobre eles:

1º) Instalações adequadas

Uma boa escola tem instalações pensadas para cada etapa de ensino que abriga. No berçário é importante ter mobiliário adequado, quarto de descanso que não apenas tenha colchonetes ou tatames a serem dispostos se a criança dormir, lugar especial para troca de fraldas ou desfraldes, sala de alimentação, sala de estimulação e parques que
contemplem a faixa etária até 3 anos.

Na educação infantil, é muito importante também que as salas de aula sejam arejadas, exista espaço para o lúdico, banheiros próximos, mobiliários que permitam postura ergonômica da criança ao sentar, parques com cuidados especiais para crianças até cinco anos, espaço delimitado à educação infantil, etapa tão importante para a vida do
educando. No ensino fundamental, anos iniciais, a preocupação com a ergonomia das salas de aula continua essencial para o desenvolvimento do estudante, lembrando também que o lúdico não pode perder espaço na escola.

Nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, as instalações devem priorizar o conforto dos alunos que estão crescidos, a ambientação para essas fases, o espaço para a circulação e a existências de recursos para diferentes estratégias de ensino. Vale a pena visitar, ver os ambientes, entrar em todos os espaços, “reparar” até mesmo na manutenção da limpeza da escola.

Diante destas afirmações, surge inevitavelmente uma questão: uma boa escola pode ter todas as etapas de ensino? As respostas são claras: se houver o espaço adequado, o cuidado especial e a priorização para cada etapa, SIM!

Se algum destes itens faltar, a resposta é NÃO.

Tendo entendido o que é importante procurar em instalações em um colégio, de acordo com a etapa vivida pelos filhos, passa-se a um aspecto primordial, que definirá a evolução do aprendizado e o bem-estar de nossos bebês, crianças ou adolescentes: a equipe profissional da escola.

Sim!!! De nada adianta um bom local, com boas instalações e não conhecer quem, de fato, fará a educação acontecer junto ao seu filho. Mas não é óbvio que todos os profissionais deveriam ser “profissionais da educação”?

Então, óbvio é, realidade … nem sempre…

2º) Equipe profissional que compõe a escola

Por razões que não vamos esmiuçar nesse texto, a legislação permite que muitos profissionais adentrem e atuem no ambiente escolar. Claro que muitos são bons, mas não devemos abrir mão de confiar nossos filhos à pessoas que estudam educação, em seus aspectos de história, desenvolvimento humano em toda sua composição, didática no ensino, conhecimento científico, avaliação. Profissionais de pedagogia e profissionais licenciados em disciplinas específicas estudam tais aspectos.

Sendo o aluno, o núcleo do processo educativo, o professor precisa compreender o sujeito de seu trabalho e não apenas o objeto de conhecimento.

Então, no berçário é importante os bebês serem cuidados e estimulados por pedagogos, na educação infantil é essencial que os professores sejam pedagogos e estudiosos do desenvolvimento da aprendizagem, inclusive na alfabetização, no ensino fundamental esses aspectos também devem ser prioritários. Já nos anos finais do ensino fundamental e também no ensino médio, os professores licenciados em suas disciplinas (Português, História, Matemática, etc) são específicos sim, mas também estudaram psicologia do desenvolvimento, didática, avaliação, o que faz toda diferença no processo de aprendizagem do estudante.

Contudo, ainda que toda a equipe seja formada por profissionais da educação, um bom funcionamento da escola, também se faz com a presença de equipe diretiva, ou seja, diretor, coordenador pedagógico, secretaria pedagógica. Mas qual papel da equipe diretiva?

Além de articular todo o funcionamento de uma escola, o que já não é pouco, cuidar do patrimônio para estar sempre apto à frequência de seus alunos, fazer a articulação da escola com a comunidade, garantir junto à todos os profissionais, o cumprimento da legislação educacional, a gestão escolar tem por obrigação legal, além do comprometimento moral, proporcionar a formação continuada de sua equipe de professores em todos os níveis.

Ou seja, um bom ensino precisa ser contextualizado à realidade em que acontece, as necessidades da comunidade precisam ser atendidas e discutidas à luz da ciência pedagógica. O aprimoramento dos profissionais precisa ser constante e ativo, acontecendo também no local de trabalho e não somente em cursos de pós graduações. Equipe diretiva tem que ser presente diariamente!

Assim, quando visitar uma escola, mesmo sem compreender educação em seus meandros, é importante questionar como acontece a formação continuada da equipe docente, pois esta é uma essencialidade quando se fala em educação de boa qualidade, seja a etapa que for!!!!

3º) Sistema de ensino: há muitos e variados sistemas de ensino.

Na atualidade, temos um documento que embasa a formulação dos materiais didáticos, a Base Nacional Comum Curricular, que abrange a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Não vamos adentrar nestas questões, mas ressaltamos que além de conhecer o sistema, ainda que por visitas aos sites, por manuseio de um material, é preciso conhecer como a escola ensina, perguntar quais valores de ensino pratica. Perguntar e conhecer resultados em avaliações externas também (olimpíadas estaduais, nacionais e vestibulinhos).

É fundamental que a escola tenha claramente uma filosofia de ensino, valores que abrangem a didática e também a formação humana. Perguntar como se ensina, conversar com famílias que já tenham filhos nesta instituição, visitar a escola em funcionamento são importantes formas de conhecer a filosofia dela.

Vale lembrar que escolher berçário, escola de educação infantil têm a responsabilidade de entender que neste local, a criança passará boa parte de sua primeira infância. Assim como no ensino fundamental anos iniciais ou finais: se não fosse fundamental, não se chamaria fundamental!!!

No ensino médio, o cuidado com os adolescentes não pode ser menor que os estímulos de conhecimento (não esqueçamos disto!).

Portanto, uma última dica que damos refere-se à questão de valores e afetividade. Segue…

4º) Valores e afetividade

Sinceramente acreditamos que não existe ensino distanciado de afetividade. Vale a pena visitar a escola, perguntar sobre a relação entre escola e alunos a quem apresentar lhe a proposta, saber como a escola se comunica com as famílias, como são feitas as mediações de conflitos, dar uma espiada nas redes sociais e ver como os estudantes (principalmente os maiores) e as famílias se referem ao colégio. Os valores como diálogo, voz aos estudantes, valorização da equipe, cuidados com pessoas e ambiente, propósito da escola, resultados obtidos são percebidos sem treinos pelos familiares, ou seja, bom senso, escuta ativa são os principais elementos de percepção dos valores e da afetividade.

Enfim, poderíamos discorrer laudas e laudas sobre indicadores de qualidade numa escola. Por ora, acreditamos que alguns pontos bastante importantes foram aqui abordados e quiçá, poderão ser úteis para escolha não apenas do local onde nossos meninos e meninas irão estudar, mas para o entendimento de uma instituição que pretende realmente ser escola!

Profa. Márcia Maria de Castro Buzzato
Mestre em Educação pela UNITAU (Formação de professores), Diretora
pedagógica do C.C.C. e mãe de aluna que está indo para o Ensino Médio

Publicado em: Blog

Deixe um comentário