OFICINAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL

Ensino Fundamental 2

Fernando Pessoa, um dos maiores autores da literatura portuguesa, diria que escrever é 99% transpiração e 1% inspiração, porém, em nossa sociedade, existe um estigma de que escrever parte de um dom absoluto, o que não é exatamente verdade. A escrita, assim como a capacidade de desenhar, precisa de muito treino para que se chegue a resultados satisfatórios. Afinal, o que é a literatura senão o trabalho com as palavras? 

Partindo desse pressuposto, resolvemos implementar oficinas de produção textual cuja finalidade é trabalhar a prática da escrita em nossos alunos desde o sexto ano. Nas oficinas – que são semanais – nossos alunos passam a ter um contato mais aprofundado com os gêneros textuais apresentados pelo material didático, assim como a conhecer novos gêneros além dos que estão presentes na apostila.

A ideia dessas oficinas partiu de uma necessidade da nova geração ter mais contato com a materialidade textual uma vez que, com o advento das tecnologias digitais, a relação com os livros e com os textos em si estão se tornando cada vez mais distantes.

Nossa ideia é reaproximar os alunos da leitura, tornando-a interessante e atrativa e passando pelos mais diversos gêneros, desde memórias literárias – com o qual os alunos puderam ter contato com o impecável texto de Garcia Marquez – até mesmo com os gêneros mais atuais, como o meme. A partir da leitura, os alunos produzem semanalmente textos dos mais diversos gêneros de forma divertida, didática e rica tornando a prática da escrita comum em suas vidas.

Confira alguns dos textos que já foram produzidos:

6° ano – conto fantástico

AMIZADE EM MUNDOS DIFERENTES

Autor: Murilo Martins Azevedo

Em um sitia viviam dois cachorros, o nome deles eram: Choquito e Caramelo. Eles tinham como diversão correr atrás da gata Nininha até que um dia apareceram dois outros cães que passaram a morar na casa ao lado e que adoravam correr atrás de Choquito e Caramelo. Eles ficaram com muito medo daqueles novos habitantes e não sabiam o que fazer para se livrarem dos inimigos. 

Um dia, Choquito descobriu um portal que levava para outra dimensão e, quando foram perseguidos novamente pelos cachorros vizinhos, entraram nele… só que não esperavam que ficassem presos naquele lugar!

Desesperados, eles continuaram procurando como voltar para o sítio até que encontraram um rosto familiar. Quem era?! A gata Nininha! Sendo assim, tiveram que negociar com ela, pois era a única que sabia como voltar. Quando eles corriam atrás dela no sítio, a gatinha sempre escapava pelo portal. Ficou decidido, então, que eles nunca mais correriam atrás dela em troca da informação de como voltar.

A negociação foi bem sucedida e eles voltaram todos juntos para o sítio.

Assim, houve uma inesperada amizade entre Choquito, Caramelo e Nininha, agora amigos, até em mundos diferentes.

7° ano – Relato pessoal

POUSO FORÇADO

Autor: Miguel Fontes

Essa história que vou te contar garanto que se for andar de avião se lembrará dela. Então, vamos a história. 

Eu e minha família estávamos tirando férias em Florianópolis – SC, mas conhecida como Floripa ou Ilha da Magia. Infelizmente, o dia de ir embora chegou e não estávamos muito animados, pois a volta é sempre mais cansativa.

Chegamos ao aeroporto local para pegar o nosso voo para o aeroporto de Guarulhos, nosso destino até que tudo começou a dar errado. Na verdade, tudo começou com um atraso de uma hora para que o avião chegasse ao aeroporto. Quando ele chegou nós embarcamos, estava nublado e ventava muito, sendo assim, na hora da decolagem o avião balançava bruscamente por causa do vento. Muitas pessoas ficaram apavoradas enquanto eu só dava risada.

Havia passado um tempo e o piloto nos avisou que em Guarulhos chovia muito e que ele não conseguiria efetuar o pouso, então ficamos dando voltar e esperando que o tempo melhorasse, mas não adiantou e o tempo só piorou. Nesse ponto, o avião estava ficando sem combustível e por isso o piloto decidiu pousar em Ribeirão Preto – SP para que fosse abastecido.

O avião estava com tanque cheio, então decolamos e rapidamente já estávamos em Guarulhos, o tempo havia melhorado e com isso conseguimos passar com segurança. No final, tudo acabou bem. Se isso acontecer com você, não fique nervoso. Saiba que os pilotos são treinados para essas situações!

8° ano – Memórias Literárias

UM TEXTO SOBRE ESCREVER

Autora: Marina Neri da Silva

Lembro-me como se fosse hoje, a primeira vez que li um livro de romance completo. Era um sentimento único e que me corroía a cada linha. 

Com o passar das horas, a leitura acabou e deu espaço a um vazio que sentia por dentro. 

Quando terminei um turbilhão de pensamentos rodeavam-me, como “por que acabou?” ou “o que eu acabei de ler?”. 

Com isso, comecei a me aprofundar nesse gênero em específico: romance. 

Apaixonei-me perdidamente, entretanto, eu queria mais. Então, procurei outros novos gêneros como suspense, drama e romance policiar. De certa forma, sim, aqueles livros mexeram bastante com o meu psicológico. 

Eu, uma mera leiga, comecei a escrever por diversão, sobre tudo e nada ao mesmo tempo e passei a me conhecer mais a cada linha que escrevia. Era maravilhoso!

Um sentimento de felicidade me corroía.

Com o passar do tempo, aprimorei-me, esforcei-me para melhorar cada vez mais meu conhecimento sobre o assunto e foi então que conhecer a ficar obcecada por livros, por escrita e – é claro – por leitura.

Foi a partir daí que tudo começou!

9° ano – dissertação escolar

PRECONCEITO LINGUÍSTICO: ORIGENS DA COLÔNIA

Autora: Alice Campolina Martins 

As desigualdades estão presentes na sociedade tanto social quanto financeiramente. As pessoas de alta renda tendem a depreciar pessoas menos favorecidas fazendo com que surjam preconceitos na atualidade, como linguístico.

Segundo o IBGE, 11,3 milhões de brasileiros acima de quinze anos são analfabetos no país, sendo um total de 6,8 da população brasileira. A falta de escolaridade é negativa não somente a quem deseja ser ativo no mercado de trabalho, mas também às pessoas que nunca tiveram contato com a norma padrão da língua – normalmente por falta de condições financeiras – pois acabam sofrendo discriminação pela forma de falar, sendo excluídas socialmente ou tornando-se motivo de chacota.

O Brasil é um país de grande miscigenação que teve interferência, em sua colonização, de vários países europeus, diferenciando as maneiras de falar de cada estado pela presença dos sotaques. A região centro-sul do nosso território é tida como referência de linguagem, consequentemente menosprezando as gírias e as formas de falar de outras regiões dando origem a xenofobia e contrariando o Artigo 3 da Constituição de 1988, que garante a liberdade de todos os seres humanos, independente da raça, cor, etnia, gênero, religião e região.

O preconceito linguístico deve ser extinguido com a tolerância da população. Cabe ao Ministério da Educação tornar obrigatoriedade das escolas ensinarem as formas linguísticas das regiões do nosso país e o respeito que se deve aos habitantes delas.

Professora Elis
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