Monteiro Lobato foi um importante autor da literatura brasileira e além de toda a obra, criou o inesquecível Sítio do Picapau Amarelo.
Quantos adultos cresceram vendo e ouvindo as histórias da boneca de pano Emília, da menina do nariz arrebitado que gostava de jabuticaba, do caçador (de sonhos) Pedrinho, dos bolinhos de chuva da Tia Nastácia e da famosa Cuca lindona?
Uma memória a ser perpetuada. Um estímulo à fantasia infantil a ser construído com nossos alunos enquanto crianças e a ser lembrado depois de adulto, que revisita a obra e pode ver outras nuances na narrativa do autor e, novamente, se encantar.
Aqui no CCC sempre fazemos um trabalho com o Sítio do Picapau amarelo com nossos alunos e professores. Teatros, musicais, oficinas de histórias, criação de personagens, enfim, a cada ano uma nova emoção diante das atemporais histórias do Sítio do Picapau amarelo (e é assim mesmo que se escreve: “Picapau” – tudo junto!).
Quantas revelações e metanoias brotaram positivamente ao representar os personagens!!! E sempre de uma maneira muito positiva.
Recordo-me de uma aluna que fez Emília. No dia de se apresentar, sem nenhum roteiro combinado, já se despedindo do CCC, pois estava no 9º ano, a menina fantasiada de Emília, sentou-se no chão do palco e relatou a sua experiência em viver a personagem. Era muito tímida e ao se ver “boneca falante”, expressava emoções que não lhe eram fáceis no dia a dia. Além disto, contou como a oportunidade a fez encantar-se pela literatura e como isso a auxiliava em sua construção de estudante.
Não houve quem não se emocionasse com o relato. Nós professores, jamais esperávamos esse discurso e nem imaginávamos a profundidade do nosso trabalho. Alunos se inspiraram e pais se encantaram.
Hoje essa aluna é moça e trilha seu caminho na universidade. Viva Emília! Viva o Sítio do Picapau Amarelo! Viva o CCC, lugar realmente de Criar e Crescer.
Neste ano, tão conturbado ainda, não deixaremos de inovar. Gostamos do que fazemos e fazemos o que acreditamos.
Assim, elaboramos o concurso de desenho “Colagens do Picapau Amarelo”, o qual explicaremos no roteiro adiante.
Por ora, despedimo-nos com a sabedoria da nossa personagem Emília, em uma de suas falas ao sabugo de milho Visconde de Sabugosa:
“A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais […]. A vida da gente neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisca é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim, pisca pela última vez e morre.
– E depois que morre?, perguntou o Visconde.
– Depois que morre vira hipótese. É ou não é?”
Um grande abraço.
Professora Márcia M. de Castro Buzzato