O que é ser índio? O que você sabe sobre a história indígena?

Tendo em vista nossa exposição Naurú, a professora Carol, da disciplina de História conta nos um pouco sobre os indígenas no Brasil.

Muito do que ouvimos a respeito dessas indagações são respostas carregadas de estereótipos e impregnadas de juízo de valor que distorcem os seus significados.

Em grande medida a falta de conhecimento no assunto geram discriminações e ajudam a perpetuar ideias falsas e discursos de ódio contra os indígenas. Junto a isso, ideias de que os índios são povos que vivem nus no interior da floresta ou de que estão desaparecendo são reproduzidas pelo senso comum, gerando um ciclo de interpretações equivocadas que somente são superadas através da informação, da escuta, do debate e da compreensão da realidade que nos cerca.

De acordo com o último censo realizado pelo IBGE no ano de 2010, existem cerca de 305 etnias e 247 idiomas étnicos falados no país, além dos grupos indígenas nunca terem desaparecido, esses números ainda crescem, o que torna mais instigante pensar que com toda essa diversidade por que será que os índios estiveram negligenciados por tanto tempo?

Até o século XIX os indígenas foram considerados selvagens, não-humanos, a quem os colonizadores possuíam o dever de civilizá-los e incorporá-los a sociedade envolvente, negando seus saberes e costumes e, praticamente, demonizando aspectos de suas culturas.

Os livros antigos de história estão repletos de uma narrativa que reproduzem o olhar do colonizador, seus valores e pontos de vista. Essa perspectiva histórica é carregada de uma visão eurocêntrica, ou seja, aquela que privilegia o lugar dos europeus na história, suas aspirações, feitos e formas de ver o mundo.

A aprovação da Lei nº 11.645 de 2008 que tornou obrigatório o estudo da história indígena nas escolas públicas e particulares do ensino fundamental e médio representou um grande avanço ao estimular os debates sobre as questões indígenas nas escolas. Isso ajuda a entender as diferenças e os diversos caminhos que trilham os agentes históricos, estimulando a empatia, a alteridade, de um olhar para outro e para si mesmo, incentivando os educandos a lidarem com respeito na convivência e a pensar a sociedade que queremos para o futuro. Trabalhar a História Indígena em sala de aula é retirar os indígenas dos bastidores e dar à eles um lugar de relevância na História do Brasil.

A implementação desta lei gerou inúmeras questões em torno de sua aplicabilidade, exigindo adequação curricular, reformulações pedagógicas e professores capazes de se reinventarem, a fim de minimizar os resquícios de um passado que invisibilizou os povos indígenas.

Falar sobre a questão indígena na escola é gerar mudanças necessárias para a construção de uma sociedade mais democrática onde seus direitos sejam garantidos e o reconhecimento e valorização da cultura sejam  respeitados nas diferenças.

Por fim, considerarmos que a questão indígena e suas diversas abordagens sejam elementos capazes de aproximar o educando do saber histórico em um ambiente atrativo onde se possa desenvolver o pensamento crítico e sua autonomia intelectual.

Professora Carolina Araújo

Imagem de capa foi editada a partir da foto de Jéferson Mota, Secom – Governo de Rondônia (http://www.rondonia.ro.gov.br/rondonia-trabalha-para-a-realizacao-dos-jogos-aberto-da-comunidade-indigena/)

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